Por: Mauricio Salkini
Qual o nível de verdade das histórias contadas nas peças publicitárias? Tem agências de
marketing que explicam a criação das histórias e os motivos. Cada profissão com o seu olhar
específico, mas todos farão, em algum momento, o inventário das suas produções.
"Como convenceria o cliente a pagar 8 reais num picolé desconhecido? Mas reconheço que posso ter ido longe demais.¹”
Reli matéria da Exame¹ com histórias de produtos nacionais e internacionais. "As ideias não
correspondem aos fatos" (meu pai amava Cazuza). Vale a pena saber, link da matéria abaixo,
recomendo leitura.
O politicamente correto chegou aos produtos e passou a exigir santidade dos negócios.
Empresas são pessoas e somos seres com lado luz e lado sombra. Nossas produções refletirão essas contradições existências.
Teremos ganhos verdadeiros com essa cobrança as empresas? Temos avanços e retrocessos. A responsabilidade social já foi entendida como condicionante para o cliente decidir pela marca, mais recentemente a sustentabilidade. Entendo que a perenidade do negócio vem do respeito ao social, ao ecológico e ao legal (respeito as normas e leis vigentes).
"...galeria chamada Hollister...coube ao filho John Jr., um dos maiores surfistas de sua geração, transformar a galeria do pai em loja de roupas inspiradas no surfe. O público adora. Mas é tudo cascata¹".
Você se sentiu enganado pelo sorvete que diziam ser de iogurte? Me senti traído na escolha, que achava saudável, do sorvete que eu, erroneamente, pensei que era de iogurte. Bobinho eu e você, que éramos clientes das franquias YOs. Você tomou H2O que não era água? Essa cascata eu desconfiei e nunca fui nessa.
"...As laranjas não são tão especiais... quem fornece o suco para a Do Bem não é seu Francesco, que jamais existiu, mas empresas como a Brasil Citrus, que vende o mesmo produto para as marcas próprias de supermercados¹".
Storytelling de quem se chamou "do bem" era do mal, por ser enganosa. Infelizmente a
admiração caiu por terra. "Vestido" de nutri (sou administrador) garanto que bem mesmo
fazem as frutas frescas, feitas nas nossas residências.
Estou questionando Fake news nos produtos, após leitura da reportagem da EXAME postada no Instagram pelo Michel Jasper. Seguir pessoas com conteúdo, com experiências
verdadeiras, nos proporciona reflexões interessantes. Difícil prever onde nos levará essa
exigência de histórias de cinema (para os produtos). A publicidade captou o desejo de
santidade dos consumidores.
Cascatas sempre existiram no jogo dos negócios. As fábricas de tabaco mostravam lindas
mulheres e carros possantes juntos a fumantes. Temos exemplos de auto regulação. Acredito nesse caminho onde o produto em si seja “respeitado”. As licenças poéticas dos publicitários fiquem na esfera das subjetividades: “como” são tratadas as laranjas amarelas vendidas em caixas nas gondolas dos mercados. Bem ou maltratadas, se aceitarem minha sugestão de auto regulação, precisam ser laranjas efetivamente e conter o que propagam (por exemplo, 100%da fruta). Chocolate 70% deve conter não menos que 70% de cacau, porque isso afeta diretamente o produto consumido, mas se os cacaus são transportados em caixas de joias em meios a lãs imperiais, em nada a inverdade impactará o que foi ingerido.
Não defendo, nem incentivo as publicidades que contam histórias, até porque sou daqueles
que desejam um produto saboroso, saudável e acessível, longe da "gourmetização" que essas histórias trouxeram para o simples picolé. Desconfio e penso no que beneficia (a mim e a sociedade) esses relatos “cinematográficos” da indústria. Admito impaciência com contadores destas histórias. Lembro de um amigo, franqueado de primeira loja, que percorria as mesas contando a confecção do crepe (levava dose mínima de cerveja). Gerava surpresa/desagrado em casais que desejavam privacidade e receio por estarem dirigindo e consumindo algo com álcool (lei seca). Definitivamente tenho um outro estilo.
Champagne ou espumante
"A denominação champagne é uma appellation dorigine contrôlée (denominação de origem controlada). A região de Champagne, na França, é a única no mundo que pode dar o nome de champagne aos seus espumantes. Nem mesmo outras regiões da França podem chamar assim seus vinhos espumantes²"
Fotos meramente ilustrativa
Essa frase incluída nas propagandas me atende no sentido de explicar que o tamanho e os
sabores são ilustrativos. Me responde como consumidor que deseja comprar sem decidir por uma foto.
Biografias não autorizadas e filmes baseados em histórias reais.
Quando compramos o livro e sabemos se foi autorizado (ou não) saberemos que tipo de
interferência e/ou interesses podem envolver. O mesmo penso do aviso dos filmes que
comunicam ser baseado na realidade, mas que existe a licença poética para inclusões na
história. Guel Arraes:
“A vida é uma excelente roteirista, mas só entrega o primeiro tratamento. Porém, você precisa respeitar a pessoa que se torna o seu personagem. Não pode manipular fatos sem escrúpulos³"
Na produção deste texto usei citações e parágrafos escritos por outros autores. A auto
regulação convencionou que devemos colocar aspas em alguns casos e/ou indicar a fonte em outros. Assim me “utilizo” da produção alheia de forma ética. Exemplo de soluções estão por toda parte, basta a sociedade decidir querer a verdade e a transparência, aceitando o lado sombra das industriais. Quem não tiver pecados jogue a primeira pedra. Não em mim, por favor, mas nas empresas que nos enganaram.
¹ https://exame.com/revista-exame/marketing-ou-mentira/?utm_source=whatsapp
² https://www.enologia.org.br/curiosidade/historia-do-champagne
³ https://www.uol/entretenimento/especiais/licenca-poetica-vs-fatos-reais.htm#como-osroteiristas-lidam?cmpid=copiaecola
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