Por Maurício Salkini.
O mundo corporativo avançou em fases – Responsabilidade Social, Sustentabilidade e agora ESG. Não pretendo resgatar a história das preocupações das corporações com a sociedade, mas apontar que a pauta ESG não caiu de paraquedas, sendo consequência de uma evolução natural. Estamos vivos por evoluções na espécie humana e o mesmo conceito serve as empresas.
“Meio ambiente, social e governança. É assim que se traduz do inglês a sigla ESG (Environmental, social and Governance). Essas três letras praticamente substituíram a palavra sustentabilidade no universo corporativo”. Exame.
A década de 90 é marcada pela Responsabilidade Social, com projetos de instituições (ONGs e pastorais, por exemplo), que assumiam pauta(s) – Esporte, Educação, Música, Infâncias, Idosos, Fome, Maternidade, Assistência Social e etc – com patrocínios das empresas e muitas vezes do governo. Esses projetos, atendiam à demandas da população em situação de vulnerabilidade social. Como exemplos, cito ações que contam com investimentos de grandes companhias, tais como: Projeto Mangueira, com investimentos da Xerox, e Projeto Afro Reggae, com investimentos do Santander.
Essa década, marcada pelas privatizações, arrocho salarial e diminuição do tamanho do estado, deixava uma enorme população excluída, faminta e sem perspectivas de emprego formal. Lembro de receber vários desenhos de ações sociais, onde o idealizador me via como patrocinador. Logo eu, enquanto microempresário, enfrentando a recessão econômica mês a mês, muitas vezes fechando no vermelho.
“Terceiro Setor: corresponde às instituições sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, como ONGs, instituições religiosas, clubes de serviços, entidades beneficentes, centros sociais, organizações de voluntariado, etc”. Ronaldo Decicino.
Também não concordava e me incomodava, o reducionismo de enxergar o empresário como trem pagador, ou seja, o “educador físico” idealizava o atendimento social, numa escolinha para crianças no Morro X, com salário (justo por trabalhar), e buscava um empresário com grana para patrocinar. A relação da empresa com a população atendida era a grana no final do mês para os trabalhadores e para a estrutura.
Avançamos para os anos 2.000, reafirmando a sustentabilidade com um conceito mais amplo. Não somente cuidando do meio ambiente no sentido stricto sensu, mas olhando o ser humano e suas relações sustentáveis (ou não, rs). A insegurança no futuro do planeta, tornou os chamados “eco chatos” em “eco necessários”, até serem alçados a alcunha de “ambientalistas”.
Na Europa, inundações no Reino Unido de outubro a dezembro. Registra-se deslizamentos de terra e avalanches de lama, nos Alpes suíços e italianos, que deixaram US$ 8,5 bilhões de prejuízo econômico (da France Presse).
As provas sobre a importância das questões ambientais estão no sucesso da Natura, por exemplo, ou em projetos com volumosos investimentos em energia renováveis (carro elétrico e fazendas de energia solar), ou ainda, em marcas de alimentos que garantem os cuidados com a natureza e também na disputa da presidência pela candidata Marina Silva. A minha amada Niterói é governada pelo Engenheiro Ambiental, com histórias de luta pelo meio ambiente, Axel Grael. A Sustentabilidade alçada ao topo nas escolhas de consumo e no exercício do poder político.
O termo ESG é datado de 2004, apesar de aparentar uma novidade no Brasil. Surgiu pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, reunido com os CEOs das maiores instituições financeiras, sobre como fatores sociais, ambientais e de governança poderiam integrar e interagir com o mercado de capitais. Os investidores rapidamente concluíram que mais que uma saída existencial para o planeta, a pauta ESG, quando atendida, reflete em perenidade e menos volatilidade às companhias.
Até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos. No Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020 – mais da metade da captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses (Pacto Global – Rede Brasil)
Bingo! A natureza e o dinheiro formaram um caso de amor, que podem perfeitamente casar com o perfil das franqueadoras (com maior poder de investimento e estrutura organizacional) e dos franqueados (agilidade e adaptabilidade). As pautas, quando atendidas coletivamente, tornam-se muito mais fortes. As ODS (Objetivos de Desenvolvimento Social da UNICEF) podem servir como paramentos e/ou inspirações.
Já existem casos de sucesso, práticos e premiados no franchising, mas ficará para uma próxima coluna meu caro companheiro de leitura.
MAURICIO SALKINI é administrador e empreendedor, com experiência em franquias: Bobs, Kopenhagen e Rei do Mate. Implantou negócios no franchising, localizados em shopping, supermercado, rua e estação de transportes – barcas, trem e metrô. Vencedor dos Prêmios “Ser Humano” ABRH-RJ: Treinamento Cult (2019) e Primeiro Trabalho Decente (2021). Reconhecido (2022) pelo Selo Diversidade/ Prefeitura de Niterói, na área de Direitos Humanos. Colunista semanal do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
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