Por Eduardo Murin.
Candidato a franqueado precisa saber da importância dos manuais das redes.
Entenda o porquê
O tabloide britânico Evening Express, em sua edição digital de 14 de outubro, publicou o resultado da recente pesquisa realizada pela Bristol Street Motors, no Reino Unido, quanto ao atual nível de detalhe dos manuais do proprietário de veículos de última geração. Concluiu que o elevado padrão de sofisticação dos automóveis se reflete, dentre outras coisas, em um agigantado montante de instruções de uso, normas técnicas e de segurança, assim como orientações sobre componentes e seus respectivos funcionamentos. Prova disso é o fato de que o manual do novo Audi A3 é maior do que a obra literária "Senhor dos Anéis: As Duas Torres". A propósito, o referido manual tem, atualmente, um total de 167.699 palavras e levaria aproximadamente 11 horas e 45 minutos para ser lido, ao passo que o livro de J.R.R. Tolkien ostenta 156.198 palavras e seria lido em 10 horas e 56 minutos. Além desse caso, os manuais do proprietário dos novos Mercedes-Benz Classe C e Classe A também se aproximam da citada marca e, no comparativo, superam outra obra literária: “Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”. Os manuais trazem 152.745 (Classe C) e 143.706 (Classe A) palavras, respectivamente, enquanto o livro de ficção apresenta um total de 137.115 vocábulos. Ora, mas o que o resultado da pesquisa acima mencionada, bem como os exemplos apresentados, teriam a ver com o universo das franquias? Eu explico. Por força de lei, bem como por sua característica conceitual, todo sistema de franquias, ao conceder autorização para que terceiros operem sob uma bandeira, utilizando-se de sua marca, além de produtos e serviços, precisa necessariamente transferir know-how e expertise. Ao fazê-lo, necessita estruturar técnicas, processos, normas, regras e orientações por meio de manuais de operação da franquia. Desta feita, é imprescindível que, ao pesquisar e considerar investir em franquias, empreendedores e investidores busquem tomar conhecimento da seriedade com que a franqueadora organiza e sistematiza suas práticas. Se para conduzir um veículo de luxo são necessárias obras técnicas de porte enciclopédico, o que dizer da condução de um empreendimento que pode – e deve – representar uma interface ética, tecnicamente viável, segura e padronizada, além de empresarialmente remunerar os envolvidos, gerar resultado, empregos, movimentar a economia e servir a clientes e parceiros com excelência? Desafortunadamente, existem redes de franquias cuja atenção a processos e o investimento em aparatos de normatização, padronização, orientação e suporte ao franqueado se aproxima da nulidade. A propósito, não se pode chamar brochuras de conteúdo escasso, apostilas vagas e livretos superficiais de manuais. Ao investigar marcas de seu interesse, exija de franqueadores informações mais precisas sobre a qualidade dos materiais e plataformas de apoio à operação. Verifique se existem conteúdos em quantidade e qualidade suficientemente vastos e detalhados, em formato digital e palatável, acessível e didático, para que sua operação da franquia, no dia a dia, não sofra por desconhecimento ou falta de apoio. Questione sobre a velocidade e frequência com as quais os manuais e materiais de suporte técnico são revisados, atualizados e disponibilizados, e desconfie quando as respostas forem evasivas, rasas ou dúbias, pois se isso ocorrer é bem provável que sua relação cotidiana com seu franqueador se dará nessas mesmas bases. Invista em marcas que investem no franqueado, em transferência sólida de conhecimento e experiência, na relação ganha-ganha, e que documentem seu sucesso detalhadamente para que ele possa ser reproduzido e multiplicado. Lembre-se: ao decidir dirigir uma franquia, certifique-se antes de que ela possui um legítimo e detalhado manual. Só assim você poderá acelerar seus negócios e ultrapassar os desafios com segurança, para cruzar a linha do sucesso e subir ao pódio, sem acidentes, sem derrapagens, e fazendo bonito na pista. Depois, é só sorrir para a foto!
Eduardo Murin é diretor de Expansão da rede de escolas de idiomas CNA
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